segunda-feira, 20 de abril de 2009

dos braços das mães da gente

a gente por vezes era um medo de ficar sozinhos. por causa que o mundo era um lugar grande e desorientava (ao menos nas presenças dos outros sempre há um aconchego e os corpos parecem mais leves).

as noites escuras somavam-se ao tamanho do mundo quando nos aninhávamos para dormir. ninguém nos ensinava a saber estar sozinhos, e cresceu-se assim com coisas de medos dentro do pensá-las, a vida fez-se-nos de formas que não contávamos e ninguém nos tinha ensinado isso.

às vezes apetece-nos encolher e não ter vergonha de dizer (porque em crianças a gente não temos essas vergonhas, diziamos assim): tenho medo (e uns braços grandes (talvez maiores que o mundo, provavelmente maiores) agarravam-nos e aquilo era ali um conforto tão quentinho e seguro). um dia a gente ainda havemos de saber dizer outra vez disso e uns braços às nossas voltas.

1 comentário:

Sílvia Correia disse...

O problema é que a partir de certa altura parece mal a "algumas gentes" dizer que se tem medo. E o mais grave é que se espera que sejam os nossos braços que passem a abraçar os mais pequenos que nós para lhes dar o tal "conforto tão quentinho e seguro". O problema é que nós também temos medo..