sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

diálogo de génios

- escuta lá, tu és capaz de aparecer aí com uma ideia bem parva?
- mas parva como?
- muito parva, é que preciso de apresentar uns projectos de obras.
- isso é fácil, espera lá. já sei uma, era assim... não, esta não é parva. não pode ser uma coisa inteligente que desse jeito às pessoas?
- nem pensar nisso, era o que faltava agora ideias inteligentes.
- eh pá mas ideias parvas se calhar é mais difícil do que parece.
- eu sei, por isso é que te chamei.
- obrigado. olha, já sei, podemos esburacar um bocado as estradas.
- não me parece, isso já se vê muito.
- então e esta: a gente mandava subir as passadeiras.
- como?
- tás a ver as passadeiras para os peões? punha-se isso pra cima.
- pra cima?
- tipo fazia-se uma espécie de lomba da passadeira, um degrauzinho para os carros subirem e descerem.
- ah tou a ver, sim senhora, essa parece bastante parva.
- se as subirmos o suficiente, aquilo pode dar para irritar os condutores, além de que dá cabo dos carros e tem efeitos a longo prazo na coluna das pessoas, e mais, se alguém for atropelado na passadeira, como aquilo está subido, o carro apanha-lhe na região lombar e manda-os logo pró galheiro.
- ui, isso já são filosofias a mais. mas para mim é parva que chegue. vamos lá apresentar a coisa, pode ser que tenha pernas para andar.

sábado, 24 de janeiro de 2009

não tem jeito nenhum

na semana passada morreu o joão aguardela, um tipo interessante e inventivo neste portugal e neste mundo às vezes meio monótono.

não é triste que fico nem com pena nem nada disso, fico fodido, chateado.

entre outros, o projecto megafone e a naifa parecem-me das coisas mais estimulantes na música portuguesa dos últimos tempos.

há uns anos, o aguardela foi responsável por esta cantiga que ficou no imaginário do pessoal da minha geração e arredores.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

figuras que uma pessoa faz

em conversa acerca de cinema, aconteceu falar-se do david lynch e eu, como de costume, nem ai nem ui. de maneira que queria deixar aqui esclarecido tudo quanto tenho a dizer sobre os filmes dele.

eu sou daquelas pessoas que gostam e muito do cinema do david lynch, se evito esse assunto é porque tenho medo de fazer as figuras que costuma fazer quem gosta e quem não gosta quando fala dele.

é este o meu ai e o meu ui ao mesmo tempo.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

hora da noite

nesta hora a noite é escura,
o ritmo de pensar lento
numas frases se mistura
à sonolência; o vento

geme nas portas por fora,
a chuva cai sobre a rua
e por dentro escura a hora.
lenta mente, o sono actua.