quinta-feira, 5 de março de 2009

a bateria do mp3

ia eu no carro a ouvir uma cantiga do james yorkston chamada tender to the blues, quando acaba a bateria do meu mp3.

mudei para a rádio mas a música comercial durante a tarde é uma coisa de tal maneira desoladora que desliguei o som e passei a ouvir os barulhinhos do carro (com a idade os carros vão ganhando ruídos apesar de tudo mais interessantes que a byoncé ou os per7ume (per-sete-ume?)).

e na falta de outras distracções, vai a minha memória (suponho que ao acaso) buscar uns desenhos animados que eu via quando era petiz - o he-man - masters of the universe. lá vou eu agora ao volante a pensar no he-man e no seu arqui-rival skeletor. não me recordo bem do aspecto, apenas que era uma coisa bruta e decerto mal feita. recordo-me sim do sentimento de ver aquilo, e especialmente da pica que me dava haver lá um tipo chamado skeletor (talvez por causa de uma voz profunda que ele tinha e da maneira poderosa como se apresentava), isso é que era cool.

pus-me então a pensar que na infância há um constante fascínio, porque há muitas coisas novas a aparecer. e à medida que o tempo passa, o fascínio do novo vai sendo atenuado pela persistência do velho, a gente acostuma-se às coisas e torna-se mais difícil sentirmo-nos entusiasmados. enquanto crescemos, não precisamos de andar um centímetro para que algo nos puxe o interesse, nos espevite a curiosidade. depois cada vez mais é necessário mover esforços para ir buscar isso.

de maneira que é importante conservar a curiosidade e não a deixar obedecer à ordem de despejo que a idade e a sociedade adulta querem impor-lhe. ganhar espaço, ampliar o pensamento, estar disposto a receber o novo, talvez ainda mais importante, estar disposto a rever o velho (a palavra renovar deve significar algo parecido).

entretanto cheguei ao meu destino e pensei que às vezes é bom que se acabe a bateria do mp3.

4 comentários:

Pedro Nuno Pulquério Vieira disse...

Ora muito bem! Venho aqui com uma terefa muito ingrata... Mandar vir contigo... Mas sou a pessoa indicada porque se passou comigo o mesmo que contigo, com a diferença de que eu fui verificar a coisa, ao contrário de ti... Mas espera! E se tu verificaste? E se tu verificaste e, apesar disso, não viste a público pedir perdão por estares a indizir as pessoas em erro? Mas pode ainda ter sido pior. Tu podes ter verificado antes, mas como isso já não te permitia escrever a tua cornicazinha engraçada sobre um boneco animado, não fizeste caso e escreveste-a à mesma. Isso é muito feio! Mas, como Cristo nos aconselha a não julgarmos as pessoas, vou dar-te o benifício da dúvida. Admitamos que não verificaste a coisa, nem antes, nem depois. O resultado? Continuaste tão ignorante como antes de as pinhas terem morrido de deslitialização.

É que o Skeletor (e sublinho a maiúscula porque um Skeletor que se preze tem que ter uma maiúscula... o he-man já não, porque é um larilas que gosta de animais grandes e covardes) o Skeletor poderá ter tudo, menos uma voz profunda. A voz dele é arranhada, nasalada e (perdoar-me-á vossa mercê a vulgaridade do advérbio) irritante.

Isto a verificação é tudo na vida! Olha aqui:

http://www.youtube.com/watch?v=zBM3ZqDmG-A&feature=related

E agora compara com o nosso Nixon, o Sr. Frank Langella:

http://www.youtube.com/watch?v=yJY7w2d703g&feature=related

Este sim! Está aceitável!

w disse...

de facto não verifiquei. e se queres que te diga, não me causa intereferência a verdadeira voz do skeletor.

a minha memória da coisa é de uma voz profunda e de um tipo poderoso e é assim que vai continuar, porque isto da memória é uma coisa que me pertence, enquanto que o verdadeiro Skeletor (agora com maiúscula) é uma coisa exterior a mim. esse pode ter a voz dele, o meu continuará a ter voz funda e poderosa.

Pedro Nuno Pulquério Vieira disse...

Errata: onde se lê "advérbio" deverá ler-se "adjectivo". Foi um lapso tipográfico-reciocinial: numa primeira fase deste comentário, a frase envolvia o adjectivo, perdão, o advérbio "irritantemente". Mas, posteriormente, alterou-se a frase, mas o meu pensamento foi mais lento; daí o erro.

Sílvia Correia disse...

Falam, falam e não dizem nada. A mim parece-me que vossamercê pretende apenas, à semelhança do "Forever young, I want to be forever young..." ficar "Forever a child, I want to be forever a child.."

Vejo-me obrigada a reconhecer que muitas vezes tenho saudades do tempo em que tudo despertava interesse sem questionar o porquê. Era giro e pronto. Era giro correr atrás de alguém no recreio, era giro ver bonecos, era giro brincar com eles, era giro sujar as mãos na terra.. Enfim, o mundo dos adultos, muitas vezes, não é assim "that cute"!